O tema do aborto é polémico, muito pouco consensual e, confesso, sobre o qual tenho algumas reservas. O meu voto está no entanto decidido. Vou votar não à liberalização do aborto. Porque mesmo que não seja esse o espírito da lei, vai passar a ser a letra da lei. Ganhando o sim neste referendo, qualquer mulher que pondere o aborto tem o Estado ao lado a dizer sim.
É óbvio que ninguém na sua plena consciência pode defender que uma mulher que aborte clandestinamente vá parar à prisão. O aborto é em si um acto suficientemente desumano, que não precisa de uma pena adicional a quem o faz. Mas é precisamente este acto desumano que me leva a votar não. Sou por princípio contra o aborto, seja ele legal ou clandestino, e acredito que é com base nestes princípios que uma sociedade deve ser construída.
Não posso também deixar de lamentar o fundamentalismo que de alguns movimentos sobre esta questão. Colocar a questão financeira do Estado como argumento a favor do não é enfraquecer o argumento. Ouvir o Dr. Louçã constantemente a falar na "hipocrisia" de quem vota pelo não é enjoativo. Alguém que explique a este senhor que ainda não foi nomeado provedor moral da nossa sociedade.
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