110 | O Maior Português de Sempre

Terminou o polémico concurso da RTP dos "Grandes Portugueses" com o resultado que, contra a vontade da maioria (incluindo a própria RTP), todos esperavam: os portugueses escolheram Salazar como a maior figura da história portuguesa. Devo dizer que gostei do resultado. Não porque concorde com ele, ou partilhe de qualquer ideologia nacionalista, mas porque acima de tudo foi um fantástico voto de incompetência aqueles que têm vindo a governar os destinos do país. Somos um país livre, é certo, mais evoluído (o que não seria difícil tamanho o atraso de Portugal em 74), mas que tem falhado nos pilares que sustentam um estado democrático: educação, saúde e justiça. O descrédito pela política é generalizado, que sofre um rombo em cada tacho ou salário milionário atribuido aos que se vão governando à conta de todos nós. Todos sabemos da elevada franja daqueles que sem nunca terem provado competências em lado algum, se vão encostando às máquinas partidárias para fazerem temporadas enquanto as suas cores vão governando. Em causa raramente estão princípios ou valores (que quando defendidos tornam a política uma causa nobre) mas sim interesses pessoais.

O povo deixou aqui um primeiro aviso. Que deve ser levado muito a sério. É que convém não esquecer, que as ditaduras (de direita e de esquerda) aparecem nas crises da democracia.

Também não deixou de ser interessante a forma como Salazar ganhou a votação de uma forma tão categórica a Álvaro Cunhal, que deixou Odete Santos visivelmente desorientada a gritar a inconstitucionalidade (!!) do concurso. Aliás, a deputada do PCP fez questão de tornar pública uma carta dirigida pelo partido à RTP, a alertar para os perigos que a previsível vitória de Salazar poderia trazer para a vida pública. Seria o objectivo do PCP censurar os resultados? Claro que não! Censura é algo que, como todos sabemos, é monopólio da direita...

Ah, o meu voto iria para Vasco da Gama.


Resultados Finais

1º António de Oliveira Salazar - 41,0%
2º Álvaro Cunhal - 19,1%
3º Aristides de Sousa Mendes - 13,0%
4º D. Afonso Henriques - 12,4%
5º Luís de Camões - 4,0%
6º D. João II - 3,0%
7º Infante D. Henrique - 2,7%
8º Fernando Pessoa - 2,4%
9º Marquês de Pombal - 1,7%
10º Vasco da Gama - 0,7%

109 || Uma questão de quantidade

Alecsandro, avançado do Sporting, recebeu hoje (pelo menos veio hoje a notícia) uma réplica do Estádio Alvalade Séc. XXI pelo jornal A Bola. A sua alegria ficou expressa nas suas simpáticas declarações: "Vou guardar esta réplica na minha sala de troféus".

Em poucos meses Alecsandro já percebeu que no Sporting dificilmente irá conquistar muito mais do que réplicas de Estádios.

108 || Pobre País

O dia de hoje foi marcado por dois acontecimentos: a decisão de não desblindagem dos estatutos da PT e a greve geral contra as políticas do governo. Ambos tiveram um final triste.

Inacreditável o que se sucedeu na reunião geral de accionistas da PT, com manifestações dos trabalhadores (não deveriam estar a trabalhar?) à porta da reunião. Efusivos aplausos para Joe Berardo, Henrique Granadeiro e restantes figuras que lutavam arduamente para a OPA não avançar. Ganharam a batalha da pior forma: não deixaram o mercado funcionar, isto é, ouvir verdadeiramente o que os accionistas teriam a dizer. Tenho pena que o maior negócio de sempre da economia nacional não tenha podido sequer chegar a sítio onde devia. Após este episódio, passei a respeitar ainda mais Belmiro de Azevedo e companhia. Estes sim apostam no país, arriscam e tentam fazê-lo crescer.

Bem perto da reunião de accionistas da PT, uma mega greve geral contra as políticas do governo. Que políticas? Todas! Tudo justifica um diazito de folga, convenientemente a uma sexta-feira. Quanto isso custa ao país? O que é que isso interessa? Carvalho da Silva voltou a falar bem alto que estará contra toda e qualquer política que ponha em causa a estabilidade laboral. Curiosamente numa semana onde mais uma empresa fechou, por se deslocalizar para a Hungria. Cerca de 400 pessoas foram para o desemprego. De nada servem as recomendações constantes por entidades credíveis como a OCDE (ou será que estas representam o capitalismo selvagem?) que referem que um dos principais constrangimentos da economia nacional é a falta de flexibilidade do mercado de trabalho. No dia que grande parte do país estiver no desemprego pode ser que se perceba isto.