A gestão do desporto, em particular do futebol profissional, continua a léguas da quantidade de dinheiro que gira em seu torno, e por conseguinte, do rigor que seria exigido. Basta ver os mais recentes exemplos das contratações em Portugal no mercado de Janeiro: "Camacho pediu Makukula" diz Luis Filipe Vieira. O mesmo presidente que contratou Bergessio porque Fernando Santos tinha pedido. Acontece que Fernanado Santos já não está, e como não foi um jogador pedido por Camacho, o clube fica sem saber o que fazer com o argentino. De hoje para amanhã, Camacho já não estará, e segue-se um novo treinador com uma lista de pedidos e outra de dispensados. Feitas as contas, quanto não custa esta ausência de uma estratégia minimamente coerente.
Esta realidade não é no entanto exclusividade portuguesa. Em Espanha, Koeman chega ao Valência e "corre" com meia equipa, incluindo jogadores míticos como Cañizares ou o capitão Albelda. Passado pouco mais de um mês, a direcção do Valência faz um ultimato a Koeman para começar a apresentar resultados. Bem se vê que não tarda muito, lá virá um novo treinador, com uma nova filosofia e, consequentemente, com uma nova listagem de jogadores.
Por último vejamos o caso do "nosso" Beira-Mar, e como do 80 se passa para o 8. Na véspera de um importante jogo contra o Penafiel, dois jogadores titulares são vendidos para a Líbia. O treinador diz desconhecer o processo. Depois do referido jogo os jogadores regressam, porque afinal apenas tinham ido fazer testes a um clube local. Por azar, chumbaram nos testes. Despacha-se um avançado, contratado sabe-se lá porquê (Mateus), e recruta-se uma esperança de 35 anos (Gaúcho). Após a eliminação da Taça, o presidente (em blackout) assume publicamente que espera que o treinador se demita. Perspicaz, o jornalista pergunta: "E se ele não se demitir?". "Ora aí está uma boa pergunta" responde o presidente. O treinador obviamente não se demite, e o presidente diz que está tudo tranquilo. O vice-presidente mostra-se solidário com o presidente, mas se estivesse no seu papel demitia-se. Antes de novo importante (e decisivo) encontro, dizem os jornais que Vasco Matos estará de saída para o Chipre. O treinador diz novamente desconhecer o caso. Curiosamente, ou talvez não, Vasco Matos é expulso frente ao Setúbal e compromete definitavamente qualquer aspiração à equipa em vencer o jogo.
Parece piada, mas tudo isto é tristemente real.
205 || O amadorismo da gestão desportiva
Publicada por
Francisco Dias
on 1/31/2008
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A bola nem sempre é redonda
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