Qualquer livro de gestão tem um capítulo destinado à área da gestão de recursos humanos. Da mesma forma, qualquer empresa de referência, independentemente do sector onde actue, tem na gestão de recursos humanos um dos segredos do seu sucesso, seja nos critérios da sua política de recrutamento, na aposta na formação contínua ou na avaliação do desempenho individual (ou preferencialmente associando todos estes factores). Sendo assim, porque continuam grande parte das nossas empresas (para não dizer a maioria) a ignorar o potencial daqueles que diariamente trazem valor para as organizações? Creio que de um forma genérica por duas grandes razões: em primeiro lugar pela falta de uma visão estratégica dos nossos gestores/administradores a médio/longo prazo; a segunda, por uma óptica redutora associada ao conceito de “força de trabalho”. Conta Jack Welch no seu livro Vencer, o comentário feito por um antigo funcionário da General Electrics numa das primeiras vezes que o colocaram numa sala de formação: “durante anos pagaram pelo meu trabalho, quando poderiam ter tido de borla a minha cabeça”. Este comentário é absolutamente fantástico e ilustrativo do capital que diariamente as organizações perdem ao não chamar a sua “força de trabalho” para os processos de melhoria. Quem melhor que os seus colaboradores para identificarem as áreas onde a empresa pode melhorar?
Numa economia onde a concorrência obriga as empresas a serem cada vez mais eficientes, o envolvimento do capital humano na tomada de decisões irá garantir não só o empenho de todos em prol de um objectivo comum (aquilo a que comummente chamamos de “vestir a camisola”), como também uma maior aceitação e compreensão das opções tomadas. Além do mais, o tal “custo com pessoal” torna-se num excelente investimento não só em força produtiva, como também numa equipa de consultores internos que diariamente procuram fazer mais, melhor e com o menor número de recursos. E não se esqueça: diferencie, reconheça e valorize o desempenho daqueles que diariamente se esforçam por acrescentar qualquer coisa ao status quo. A inovação começa, mais do que em qualquer gabinete, no dia-a-dia da sua empresa.
* Publicado na edição de hoje do Suplemento de Economia do Diário de Aveiro
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